O cristianismo desempenha um papel único, incisivo e capital na história da Humanidade. De certa forma é o momento central, o ponto de retorno ou de volta entre a involução e a evolução. Daí o resplendor da sua irradiação.
Em parte alguma encontra-se esta luz com a mesma intensidade que se verifica no Evangelho de S. João. E, na verdade, pode-se dizer, só nele resplandece com tanta energia.
Não é deste modo, certamente, que a teologia contemporânea concebe este documento. Sob o ponto de vista histórico, de fato, o considera inferior aos três evangelhos sinóptico e até o suspeitou de apócrifo.
O simples fato de ter sido escrito dois séculos depois de Jesus Cristo foi o bastante para que os teólogos e a escola crítica o considerassem obra de poesia mística e de filosofia alexandrina. O Ocultismo, ao contrário, encara-o de modo muito diferente.
Durante a idade média existiam várias fraternidades que viveram em seu ideal e foram a fonte principal da verdade cristã. Estas fraternidades denominaram-se irmãos de S. João, Albingenses, Cátaros, Templários, Rosa-Cruz. Todos eram ocultistas práticos e faziam deste Evangelho sua Bíblia, seu Breviário. É provável que as lendas do Santo Gral, de Parsifal e de Lohengrin, emanassem dessas fraternidades e fossem uma expressão simbólica das suas doutrinas secretas.
01. Amai a Deus sobre todas as coisas — Amar a Deus quer dizer amar a sabedoria e a verdade. Nós não podemos melhor amar a Deus do que obedecendo a sua Lei. Para prestarmos conscientemente essa obediência devemos conhecer a lei. E o conhecimento dela só se adquire por meio da prática. Então, conhecer a lei do amor e vivenciá-lo é a chave mestra do amor a Deus.
02. Dedicai vossa vida inteira ao progresso espiritual — Assim como o sol envia, de longe, seus raios à terra para iluminar tanto os puros quanto os impuros e inundar de luz até os mais mesquinhos objetos, o espírito do homem pode enviar seu raio mental para adquirir o conhecimento de todas as coisas terrestres, sem necessidade de perder sua consciência divina ou de ser absorvido pelo objeto de sua percepção.
03. Sede completamente desinteressados — O conhecimento espiritual começa onde cessam todo e qualquer sentimento e a ilusão de crer-se o homem separado dos demais. Nesse momento é que começa o homem a compreender sua verdadeira natureza, isto é, seu poder divino, universal, e a plena consciência de que tudo o abrange.
Com este nome queremos indicar esse conjunto de pedras gravadas, usadas especialmente pelos integrantes da escola de Basílides, conhecidas dos padres e hoje dispersas pelos museus da Europa. São designados com o nome de Abraxas, porque quase todas trazem esse nome. As figuras simbólicas, as palavras estranhas, as aliterações bem combinadas, mostram que tais pedras serviam de talismã. As inscrições são sempre redigidas em grego e, em geral, são uniformes. Lê-se nelas, IAÔ, Sabaoth, Adonai, Anúbis, Ísis, Mitras. Nessas pedras, ora estão inscritas as vogais gregas aeêioyô, da direita para a esquerda ou vice-versa; consoantes sem significado; sílabas incompreensíveis; palavras indecifráveis, derivados do grego, do copta, do hebraico, do siríaco, longos vocábulos que se podem ler começando indiferentemente da direita ou da esquerda, como ABLANATHANALBA; frases vazias de sentido. Ora representam figuras nuas em posturas eróticas, personagens simbólicas, por exemplo, uma cabeça de galo, com braços e bustos humanos, pernas formadas por duas serpentes, de escudo numa das mãos e, na outra, um açoite; ou então, uma mulher sem cinto, com uma estrela na cabeça, um açoite na mão esquerda, a direita apontando para a boca, sentada numa flor de lótus, símbolo freqüentíssimo da fecundidade.