Assim como em todas as Religiões existe um Livro Sagrado ou Bíblia, do mesmo modo os Gnósticos dispõem também de um Livro Santo; com algumas referências rápidas e resumidas sobre esse Livro, antecipamos que, para compreender o «espírito» de sua «letra», há que considerar a época e o sentido esotérico em que foi escrito. O que é o «Talmud» para os Semitas, o “Bagavad-Gita” para os Budistas, o “Alcorão” para os Muçulmanos, a “Bíblia” para os Católicos e Protestantes, é para nós outros a “Pistis Sophia”.
Esse Livro Sagrado nos informa que Jesus — o Cristo — depois de haver ressuscitado dos mortos, havia passado onze anos com seus discípulos para instruí-los nos Mistérios do Mundo Interno ou Mundo da Luz, com omissão, no entanto, de alguns pontos que os discípulos não estavam ainda capacitados a compreender. No duodécimo ano, porém, os discípulos estavam reunidos com o Mestre no Monte das Oliveiras, alegrando-se de haverem recebido D’Ele tôda a plenitude do Saber Iniciático. Era o qüinquagésimo dia do mês Tybi, o dia da Lua Cheia. O Mestre estava sentado à parte, quando ao surgir do Sol, os discípulos viram um grande rio de Luz de diversas tonalidades ver ter-se sobre Ele que nela subiu ao Céu deixando os discípulos em grande temor e confusão, enquanto que silenciosamente O seguiam com os olhos.
Desde a hora terceira do qüinquagésimo dia, até a hora nove da manhã seguinte (30 horas portanto), o Mestre esteve ausente, para então aparecer-lhes descendo em uma Luz Infinita e mais brilhante do que aquela em que havia subido. Os discípulos estavam assombrados ou temerosos, mas Jesus, compassivo e misericordioso, assim lhes falou: “Tende coragem, Sou Eu, não vos assusteis”.
Após as preces, Jesus retirou sua grande Luz em si mesmo e apareceu de novo em sua forma familiar; os discípulos vieram a Ele e lhe perguntaram: “Mestre”, onde estivestes?! donde procedem estas confusões?! Jesus, então falando como o Cristo glorificado, lhes disse de sua grande alegria, pois desde esse mo mento poderia instruí-los no Mistério de todas as coisas, desde o princípio da Verdade até o final, sem parábolas, pois que lhe tinha sido dada a autoridade para revelar-lhes o Primeiro Mistério.
Jesus, então, começou a instruí-los e a dar, a cada um deles, um Poder. Em verdade cada discípulo corresponde e é um Poder em si mesmo, como também representa uma Hierarquia, um Signo do Zodíaco, um Centro de Força. Pedro representa e é a FÉ; André, a FORTALEZA; João, o AMOR; Santiago, o ACERTO; Bartolomeu, a IMAGINAÇÃO, e assim sucessivamente.
Pistis Sophia trata também da sorte que espera as Almas no mais além da morte, revelando o que acontecerá a cada uma das categorias de homens.
Vemos neste Livro que os Pequenos e Grandes Mistérios são o principal, tudo está Neles, tudo gira em torno Deles.
Pistis Sophia é, pois, o nosso Livro Santo, cujo verdadeiro original, íntegro, intacto, está em poder da Igreja Gnóstica como relíquia esotérica, recolhida pelo nosso Patriarcado, o fiel guardador de tão preciosa jóia. Nessa Obra estão também condensados todos os nossos Rituais.
A palavra “Pistis”, para nós outros significa FÉ, mas não nossa Fé habitual que resulta da aceitação de uma opinião estranha. Não. Fé em sentido Bíblico é uma Força, é a Força Mágica que basta ter tanto como a de um grão de mostarda para remover montanhas.
A palavra “SOPHIA”, já sabemos que é Ciência. De modo que “PISTIS SOPHIA” é Poder, é Ciência, é Teurgia.
Os Gnósticos exigem primeiro o manejo de Pistis, e logo em seguida a comprovação dos fatos, sem nada de especulações “a priori”
Os Gnósticos em suas Orações bem sentidas fazem vibrar a Substância de Cristo.
Os Gnósticos admitem também as Sagradas Escrituras dos Cristãos, no seu sentido esotérico, pois todos somos cristãos no sentido real da palavra.
Os Gnósticos vivem a Verdade e tratam de ser uma Luz.
Os Gnósticos tem encontrado em CRISTO esta Luz, que é Substância; esta Substância Crística eles estudam e aplicam em si mesmos e em seus Atos.
A Igreja Gnóstica é uma constante e sagrada afirmação como Religião Primitiva; isto nos leva a afirmar que não se trata de uma nova Religião formada à última hora com fins mais ou menos retos, senão que temos içado a Bandeira Secular de uma Primitiva Igreja que guarda a veraz e pura revelação em cujas águas de glória bebeu o Nazareno para logo pregar sua Santa Doutrina.
A Igreja Gnóstica é a Igreja Cristã Esotérica, é a Igreja do Conhecimento.
Gnosis vem a ser um conhecimento mais fundo e mais profundo de todas as Verdades reveladas dentro do campo religioso vistas à Luz dessas duas Fontes que se chamam Escritura e Tradição.
Estudamos a parte essencial, purificada e santa de todas as coisas; observamos a natureza dentro de suas múltiplas cambiantes para ver a Mão de Deus manifestada em tudo; buscamos a quintessência escondida em tudo quanto existe, admiramos as pedras, as árvores, o bruto e o homem.
Como os Pitagóricos, analisamos o número e sabemos que Deus geometriza tudo.
De nada nos serve saber que Jesus tenha nascido em Belém, enquanto não nasça também em nossos corações.
Dentro de nós, dentro de tôda a criatura está Deus Todo Poderoso, e seu Poder se manifesta relativamente em nós quando estamos identificados com Ele.
Deus, a Unidade, não se compreende; apenas percebemo-lo; vivemo-lo; não o definimos; não temos esta capacidade.
Há que buscar Deus dentro do Eu, e, o Eu dentro de Deus! Nisto está toda a Chave.
I A O é o nome de Deus entre os Gnósticos, e é um dos meios de se expressar esta Força e Esta Luz dentro de nós; I simboliza o Eu; Deus está representado pelo O, mas ambos se unem através do A
A Igreja Gnóstica é de origem Divina; seus Mistérios foram revelados pelos Elohins ou Santos Mestres de maneira distinta segundo a raça e lugar, sendo só variáveis na forma, porém idênticos em Substância.
A Igreja Católica estuda o homem em três partes: Corpo, Alma e Espírito; o Espírito é a parte essencial, a parte Divina; a Alma é o mediador, o veículo da matéria sutil; o Corpo é a parte física, material.
É a Igreja Gnóstica uma Escola Iniciática de Mistérios.
Ela dá capital importância a Jesus — o Cristo — sem querer diminuir o valor dos Santos Homens fundadores de outras Religiões, porque entre Eles e Jesus — o Cristo — existiu uma diferença que foi a «Ressurreição». Nem Lao-Tsé, nem Confúcio, nem Budha, nem Mahomé, ressuscitaram. Só o corpo astral do Nazareno regressou e se perpetuou com todas as forças; Nele o processo Iniciático ficou completo.
A Substância Crística de Jesus, o Logos Solar, se propagou pelo mundo e transformou seu ambiente perpetuando-se até nossos dias como essência Solar que oferecemos em nossa Unção Eucarística.
Tem a Igreja Gnóstica únicos Sacramentos: o Batismo, a Eucaristia e a Extrema-unção. (Obs: A Igreja Gnóstica realiza o cerimonial da benção nupcial, comunhão consciente para as crianças, e as exéquias.)
Nela Cristo é o Logos Solar; Cristo é a Luz do Sol; não a física, e sim a espiritual que está por trás do Sol. Nisso está outra Chave. ∆
Dr. Krumm Heller – Mestre Huiracocha
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