Há, entre os estudantes de ocultismo e mesmo entre os Aspirantes a R+C, uma frase que conseguiu fazer época porque baila constantemente nos lábios dos que procuram justificar a debilidade de sua vontade.
É assim que ouvimos, constantemente, as mesmas queixas enquadradas perfeitamente na frase que já se tornou clássica: "Não tenho tempo..."
Gostaria de me dedicar com ardor aos estudos ocultos, porém, vou cedo para o trabalho, regresso à tardinha, fatigado, exausto, sem disposição para cousa alguma... Infelizmente, "não tenho tempo..."
- Pela manhã não me é possível fazer as minhas práticas; tenho diversas obrigações a que atender antes de ir para o escritório - por mais que me esforce "não tenho tempo" disponível para me dedicar, como desejaria, a estes assuntos...
- Depois do jantar, leio os jornais, descanso um pouco e me vou para a cama sem disposição para fazer as minhas práticas - porque essas cousas só devemos fazê-las quando houver disposição para tal: do contrário não produzirão resultado "Se dispusesse de tempo..."
Quando meditamos um pouco nas esfarrapadas desculpas habitualmente engendradas pela mente inferior para esconder nossa vergonhosa fraqueza de vontade, na superficialidade em assuntos que deveriam merecer um carinho especial por dizerem respeito à nossa vida superior, é que verificamos quão indignos somos de receber a designação de homens.
HOMEM, segundo a etimologia da palavra, é o pensador; aquele que crê, aquele que vive e compreende a vida.
O Espírito é como o corpo: falta de alimento, debilita-se; com tóxicos, perece. Precisamos, portanto, nutri-lo com os melhores alimentos.
É lamentável, profundamente lamentável, que a maioria das pessoas não tenham tempo disponível para empregá-lo na cultura da inteligência, no refinamento da alma, na contemplação maravilhosa de um nascer ou de um pôr de Sol - sobrando-lhes, entretanto, muito, muito tempo para esbanjar, durante horas a fio, em trivialidades, em palestras pueris nas mesas dos cafés, nos cinemas, nas ruas, nos salões de bailes, nos clubes, etc.
À miséria moral que convulsiona o mundo é a resultante da nossa vergonhosa atitude de espíritos superficiais.
Não temos tempo para dedicar, sequer, meia hora diária à leitura e à meditação das obras primas de literatura, de arte e de filosofia. Não temos tempo para pensar, para refletir no papel que representamos no concerto universal. Não temos tempo para encaminhar nossos passos pela senda que conduz a um ideal de perfeição.
Enfim, sobeja-nos tempo para tudo o que nos leva à ruína, ao vício, à inatividade, à indecisão e à covardia.
"Não tenho tempo..."
Thurizar R + C
(Revista Gnose 27 de fevereiro de 1939)
1 comentários:
Interessante o texto de Mestre Thurizar, e atual, mesmo passados quase setenta e cinco anos de sua elaboração. Hoje, continua a desculpa de faltar tempo para se dedicar ao autoconhecimento, mesmo sobrando tempo não só para estas trivialidades descritas por Thurizar, mas também para outras trivialidades acrescidas, como por exemplo, o Facebook e redes sociais em geral.
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